sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Está tão longe o fim...


A escuridão abate-se sobre mim, mergulha-me mais profundamente nas trevas que me consomem, já bastava a minha angustia, seria necessário privarem-me do único fio de luz que teimosamente brilhava e cirandava à minha volta, que aquecia um pouco o frio da noite, seria mesmo necessário?
Apercebi-me que a esperada rainha inimiga já não está no tabuleiro, chegou perto, mas levaram-ma do jogo...Ah, esse inebriante jogo que é a vida, esse imenso tabuleiro que é o destino, tudo onde eu nada posso ganhar...
Até a rainha amiga me querem levar, ainda aqui está, mas caída, tombada por um cavalo que galgou os peões e violentamente lhe provocou a queda, e eu? quem sou eu no meio de tudo? Um peão, um mero peão........Será que tenho força para percorrer este tabuleiro e levantar de novo a dama que repousa abandonada das esperanças alheias? eu? mal me movi, cobarde.....
Mas ela...ela terá outra hipótese e poderá explicar-me tudo, contar-me tudo, mesmo que seja o fim da minha linha, juntos podemos vencer o jogo........mas.....oh, tantos mas....que deuses estes que nos movem, destroem rainhas, peões, tudo e deixam à solta aqueles cujos caminhos são rectos ou os que galgam por cima de tudo e todos...sinto-me um peão de xadrez manipulado por uma indistinta mão, divina ou humana não há diferenças, a imagem e semelhança é a mesma......
Pobre rainha e pobre de mim, que faremos se a luz se apagar???
É tão longe...