sábado, 17 de setembro de 2011

Discussão



Na eterna discussão de se realmente haverá ou não uma forma espiritual que para além de conceber toda a raça humana também molda aquilo a que a religião apelida de destino traçado, há sempre opiniões divergentes.
E toda a gente procura ter razão.
Digamos que todos podem estar certos ou todos errados. Se essa forma sobre-humana realmente existe torna-se um personagem mesquinho no meio da história que criou. Ou pior, torna-se um perverso que nada faz mais que brincar com as personagens que somos.
Mas há quem diga o contrário e nos tente seduzir a que apenas pagamos pelos nossos erros e pelos alheios. O que não o torna menos mesquinho e perverso.
Ou será que realmente ninguém existe e nós apenas vivemos não com esperanças de outra vida, mas de tão somente prolongar esta?
Causa repulsa pensar que se um ser capaz de tudo continua a usar-nos como uma criança quando brinca e recria as suas histórias. Mas ao mesmo tempo quem nos seduz com as suas maravilhas garante que é um ser de amor. Mas esse amor ou é tão grande ou tão pequeno que nos proíbe muitas vezes de ser quem somos (ou pelo menos levam a que acreditemos nisso).
Amar esse ser ou a ideia que dele temos deve criar entre nós uma repulsa total, já que em seu nome foram e continuam a ser cometidos os mais degradantes crimes contra a própria raça.
Na minha íngreme ignorância creio não sermos nós quem terá de convencer seja quem for da sua existência ou total falta dela. 
Mas no mesmo sentido ignorante creio que para provar qualquer dos pontos da questão não deveriam ser impostas proibições. Mas isto é apenas uma das milhares de opiniões pelo mundo e muito provavelmente das menos relevantes.
Ultimamente aquilo a que chamamos religião tende a roçar o cepticismo. Entre eles há apenas uma linha muito ténue.

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Vontade

Podias deixar seu eu a decidir aquilo que quero. Mas não. Desenrolas-te sempre à minha revelia.
Seria estranho chamar-te parte de mim sendo que és a parte de mim que não faz parte do meu ser. És então o quê?
Um processo que desenvolvo em forma de querer mas que nem sempre eu quero?
Nada me é então mais estranho que tu a não ser eu. Eu. Eu mesmo ou a estúpida vontade. Vontade de tudo e vontade de nada. Nem sequer sei porque é que tenho vontade de algo que eu não sei querer. Já nem sei porque desejo. Ou porque penso. Ou até porque quero.
É frustrante ter vontade de algo que se pensar um pouco não quero. Vai contra os princípios. Contra o ser.
Mas se pensar novamente... Que princípios? Que ser? 
Porque é que me tenho de reger num corpo ao sabor do que os demais delinearam? 
Sou rebelde se não concordo com padrões? Serei então.
Sou louco por contradizer o que me afirmam? Sempre vivi com uma dose excessiva de loucura.
Sou diferente? Porra, lutei por isso.
Sou alguém? Não necessariamente, mas também não importa.
Quero apenas viver por mim, não por aquilo que me impõe. Deixar a vontade de parte e limitar-me ao querer. 
O problema é que provavelmente se não sentisse vontade irritar-me-ia sentir querer.
E se não quisesse irritar-me-ia por sentir fosse o que fosse.
Talvez o problema seja eu. Por sentir.
Talvez o problema seja tudo e todos. Por pensar.
Querer. Sentir. Pensar. Que importa? No final de tudo viver limita-se a seguir um caminho delineado por aquilo a que chamamos sociedade. Seja lá isso o que for.