quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Pedaços da alma que fogem

Limitar-me-ia, com extrema felicidade, a viver. Se pudesse viver o sonho. Os sonhos.
Seria então o recanto intocável da alma que saía à luz, onde nada me atormentava e eu vivia uma vida sem medos. Mas a realidade é fútil, é dura, é sombria. Nada nos resta mais do que viver debaixo da alçada daqueles que se vangloriam e nos cobram sacrifícios em troca das promessas milenares.
Uma vez mais caio na dura realidade de aceitar que a vida acaba sempre na frustração, nunca conseguiremos atingir o nosso maior sonho, e se conseguirmos, outro o substituirá.
Que raiva!!! Vem já buscar-me ó infame. Vem. Porque não me levas? Acaba com o medo de uma vez, estou farto de ter medo, farto da solidão das multidões.
Não quero mais temer.
Quero moldar o meu destino sem medos e ser apenas eu (mesmo sem saber quem sou).
Ou então procura-me, prometo que não resistirei, deixar-me-ei subjugar pela tua vontade e entregar-me-ei de peito aberto.
Ah...Os sentidos esvaem-se.....É hora..........


Pedi-te uma morte digna; que digno tem o morrer sendo humano?
Raça temerosa e medíocre...A minha raça...Eu...
Continuo na minha prisão...A vida...
Com medo do fim...
Leva-me!!!

sábado, 12 de dezembro de 2009

medo.....

Já não sei quem sou nem porque penso, sinto-me perdido na promiscuidade animal da vida, na desfaçatez humana....e no mar de pensamentos que me atormenta.
Decatei-me que viver não pode ser o calculo mendeliano que tenho procurado explicar a mim mesmo, o xadrez perdeu o sentido, aliás tudo perdeu o sentido...
que sentido faz viver? É um curto caminho para o desconhecido,a qualquer momento partimos, para onde? um mundo melhor ou a escuridão eterna?
A putrefacção do espírito atormenta-me, já não há peões nem rainhas, há dúvidas, choro e dor.....
Deixem-me no meu recanto sombrio, deixem-me viver, não apaguem as luzes, não me levem. Pergunto-me para que penso na morte e respondo-me: "não penso na morte, penso no fim da vida"; nem eu me conheço,por vezes sou eu, por outras serei sem o saber...
E eu.....eu tenho medo.......

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Está tão longe o fim...


A escuridão abate-se sobre mim, mergulha-me mais profundamente nas trevas que me consomem, já bastava a minha angustia, seria necessário privarem-me do único fio de luz que teimosamente brilhava e cirandava à minha volta, que aquecia um pouco o frio da noite, seria mesmo necessário?
Apercebi-me que a esperada rainha inimiga já não está no tabuleiro, chegou perto, mas levaram-ma do jogo...Ah, esse inebriante jogo que é a vida, esse imenso tabuleiro que é o destino, tudo onde eu nada posso ganhar...
Até a rainha amiga me querem levar, ainda aqui está, mas caída, tombada por um cavalo que galgou os peões e violentamente lhe provocou a queda, e eu? quem sou eu no meio de tudo? Um peão, um mero peão........Será que tenho força para percorrer este tabuleiro e levantar de novo a dama que repousa abandonada das esperanças alheias? eu? mal me movi, cobarde.....
Mas ela...ela terá outra hipótese e poderá explicar-me tudo, contar-me tudo, mesmo que seja o fim da minha linha, juntos podemos vencer o jogo........mas.....oh, tantos mas....que deuses estes que nos movem, destroem rainhas, peões, tudo e deixam à solta aqueles cujos caminhos são rectos ou os que galgam por cima de tudo e todos...sinto-me um peão de xadrez manipulado por uma indistinta mão, divina ou humana não há diferenças, a imagem e semelhança é a mesma......
Pobre rainha e pobre de mim, que faremos se a luz se apagar???
É tão longe...