sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Vontade

Podias deixar seu eu a decidir aquilo que quero. Mas não. Desenrolas-te sempre à minha revelia.
Seria estranho chamar-te parte de mim sendo que és a parte de mim que não faz parte do meu ser. És então o quê?
Um processo que desenvolvo em forma de querer mas que nem sempre eu quero?
Nada me é então mais estranho que tu a não ser eu. Eu. Eu mesmo ou a estúpida vontade. Vontade de tudo e vontade de nada. Nem sequer sei porque é que tenho vontade de algo que eu não sei querer. Já nem sei porque desejo. Ou porque penso. Ou até porque quero.
É frustrante ter vontade de algo que se pensar um pouco não quero. Vai contra os princípios. Contra o ser.
Mas se pensar novamente... Que princípios? Que ser? 
Porque é que me tenho de reger num corpo ao sabor do que os demais delinearam? 
Sou rebelde se não concordo com padrões? Serei então.
Sou louco por contradizer o que me afirmam? Sempre vivi com uma dose excessiva de loucura.
Sou diferente? Porra, lutei por isso.
Sou alguém? Não necessariamente, mas também não importa.
Quero apenas viver por mim, não por aquilo que me impõe. Deixar a vontade de parte e limitar-me ao querer. 
O problema é que provavelmente se não sentisse vontade irritar-me-ia sentir querer.
E se não quisesse irritar-me-ia por sentir fosse o que fosse.
Talvez o problema seja eu. Por sentir.
Talvez o problema seja tudo e todos. Por pensar.
Querer. Sentir. Pensar. Que importa? No final de tudo viver limita-se a seguir um caminho delineado por aquilo a que chamamos sociedade. Seja lá isso o que for.

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