segunda-feira, 18 de abril de 2011

Queimar

Adoro ver o crepitar do fogo.
A pequena chama luminosa a consumir o já desistente corpo, a reduzi-lo à insignificancia do que é ser nada.
Mas o corpo parece gostar de ser consumido por tal fogo, contorce-se a um ritmo proporcional à chama, pois é ela que manda e que decide.
E quando acaba o fogo acaba também o corpo, será mais correcto que acaba o fogo quando já não há mais corpo... Sucumbiu à vontade, ao delírio...
acabou...
tornou-se nada.....
E todos somos nada, somos tão somente uma triste representação do fogo, daquele crepitar que tanto se adora e admira...Precisamos sempre de outro corpo para poder queimar, mas se o corpo acaba já não queimamos (mas somos pirómanos), então tornamos-nos nada....
Essa estranha e amarga sensação do que é ser nada...e não somos, somos apenas moléculas e reacções químicas que formam um complexo conjunto de sensações, ou também há quem lhe chame corpo...
Ser só corpo é como ser nada, mas ser nada é mais do que ser só corpo.

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